sábado, 28 de abril de 2007

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Uai moço, aceita café? Cabei de coar, tá fresquim! Ah, tem também uma broinha de mio verde, está fria já. Minas? Minas é isso aí, um azul que não acaba, no meio de uns cantos verdes. Montanhas de ferro que choram. A gente acorda e dá de cara com isso.

Sozim não, meus filhos me visitam. Outro dia mesmo me visitaram, mas quando podem. Minha mulher morreu, a ruindade se espalhou e ela não conseguiu. Ficou mal, de cama. Sem forças, tadinha ficou muito fraca. Comadre me ajudou. Muito boa comadre, mora logo ali ó, ta vendo a goiabeira? Pois é. Até para morrer precisa de força. Ou você enfrenta a coisa de frente ou não existe mais, vira fantasma. Sei lá onde é o outro mundo, nem sei onde é este mundo. O outro mundo eu deixo pras outras pessoas, aqui nesse eu vivo.


Fazenda não moço, tenho umas terrinhas e umas galinhas. Vaca mesmo só algumas, queijo só o meu, qué? Bom né? Tifalei! Queijo de minas não é só leite, tem o mato. Claro que tem, a região aqui é cheia delas, cachoeira pequena e grande. Tá vendo o milharal? Atrás. Cuidado com as bosta.


Moro aqui desde menino. Crei por aqui. Quando precisa eu vou, tem que ver uns médicos, mas gosto mesmo é daqui. Acordo todo dia cedo, e durmo cedo. Galo canta e tô passando café. A vida aqui não é parada, parado é quem para e espera a vida passar. Vivo assim, minas tem pressa. Ó o vento! Vai chover.


O padre vem sim, mas só uns domingos. Quando dá eu vou, senão não vou e pronto.

Não sei. Tem uma estrada que é pra lá, mas me disseram que tem um trem no meio da estrada. Não moço! Trem de ferro só pros lado de Monlevade, foi só um troço que caiu, um cotoco de árvre. Tem sim, o moço vai virá ali naquele morro, e desce. Pó continuá, a estradinha encontra a mãe mais na frente, mas pra quê pressa?

Um comentário:

Joaquim disse...

Contribuição pro blog
Pópostá. Tem direitoral, não.

Perguntas existenciais do mineirim:

Donqueuvim?

Onqueutô?

Pronqueuvô?